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Portugal, um destino turístico LGBTI-friendly de referência

Publicado em: 13.10.2020

No momento de escolher o próximo destino de férias há uma série de critérios relacionados com o que mais valorizamos que influenciam essa tomada de decisão. Ora, para os heterossexuais raramente um desses critérios é a possibilidade de se exprimirem livremente e em segurança, um direito que tomam por garantido. Para a comunidade LGBTI, no entanto, tem um grande peso! Infelizmente ainda nem todos os países adotaram leis que asseguram os direitos desta comunidade em específico. Assim sendo, continua a ser importante falar de turismo LGBTI já que esse viajante vai procurar um destino onde não se sinta discriminado, especialmente se viajar em casal.

 

Turismo em Portugal

Segundo o INE, Portugal recebeu, em 2019, 24,6 milhões de turistas. Este setor é, por isso, uma indústria fundamental para a economia e para Portugal se posicionar no mercado, em oposição aos restantes países da Europa, como um destino de sol e mar, cultura e lazer, conhecido por bem receber, independentemente da orientação sexual de quem o visita.

A Spartacus, um International Gay Guide publica, todos os anos, o Gay Travel Index, que atribui uma nota a cada país depois de analisar a sua situação legal e as condições de vida de membros da comunidade queer. De momento, o index avalia 17 categorias, do casamento gay à pena de morte para os homossexuais.

Em 2019, a par com o Canadá e a Suécia, Portugal ocupava o 1º lugar dos países LGBTI-friendly. Em 2020, com a adição de três novas categorias (Intersex/ 3rd Option; “Conversion Therapy” e LGBT Marketing), desceu para o 10º lugar. O Canadá e a Suécia mantiveram-se no topo do ranking, a que se juntou Malta.

 

Também o estudo LGBTQ+ Danger Index de 2019 do casal Asher & Lyric, conhecidos por criar listas e rankings com base em dados que recolhem ou têm disponíveis no momento, atribuiu o 4.º lugar dos países mais seguros a Portugal. Numa lista dos 150 países mais visitados do mundo, o nosso país foi apenas superado pela Suécia, Canadá e Noruega. No fim da lista estão países onde ainda se aplica a sharia (lei islâmica), como a Nigéria, o Qatar, o Iémen e a Arábia Saudita.

O index avalia oito categorias, sendo elas a legalização/ilegalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, proteção dos trabalhadores, proteção contra a discriminação, criminalização da violência, reconhecimento da adoção, condições de vida no país e leis morais/propaganda contra. Cada categoria foi analisada consoante os dados da ILGA, organização pelos direitos da comunidade LGBTI+, e da Human Rights Watch, uma organização não governamental, cuja missão é denunciar os abusos dos direitos humanos.

 

Negócios LGBTI-friendly        

Estes estudos são bastante animadores para o Turismo de Portugal que, em Dezembro de 2019, apoiou a primeira campanha internacional para turistas LGBTI, Proudly Portugal. A iniciativa é da Variações – Associação de Comércio e Turismo LGBTI de Portugal que afirma, no seu site oficial, que “só no mercado nacional existe pelo menos um milhão de consumidores LGBTI. Se somarmos o sector do turismo LGBTI são mais dois milhões de pessoas LGBTI que nos visitam anualmente”.

Sob o lema “Viajar para sentir”, inspirado no verso de Álvaro de Campos “afinal, a melhor maneira de viajar é sentir”, o projeto “apresenta as inúmeras possibilidades que o nosso país tem para oferecer como destino LGBTI, com experiências memoráveis e imersas num espírito tipicamente português”, adianta a explicação disponível no site oficial. Isto traduz-se num diretório online de hotéis, programas, agências imobiliárias e outros negócios que se coadunam com o que a comunidade procura e cada região do país tem para oferecer. Há gay city breaks em resorts no meio de Lisboa, programas na Madeira com agências de viagens, recomendações de agências imobiliárias (como a Lisboapride), negócios fundados por pessoas LGBTI ou que são gay-friendly, entre outros.

Há já uma série de páginas dirigidas para este público, como é o caso do Lisbon Gay Circuit e do  Porto Gay Circuit que destacam alojamento, restaurantes, bares e discotecas nestas duas cidades. Inclusive, à semelhança do Airbnb, há o Misterb&b, uma plataforma online de quartos privados, apartamentos e hotéis LGBTI-friendly.

Também a agenda cultural do país se vê pintada de eventos inclusivos – veja-se o sucesso do Arraial Lisboa Pride, organizado pela ILGA, em parceira com a Câmara Municipal de Lisboa, a EGEAC e as Juntas de freguesia de Santa Maria Maior e da Misericórdia. A maior festa LGBTI em Portugal recebeu 70 mil visitantes em 2018 e a edição de 2019 suplantou esse número. O Queer Lisboa e Porto são festivais de cinema, que querem tornar acessível ao grande público filmes de temática queer.

Portugal caminha para se estabelecer internacionalmente como um destino de referência neste segmento. Aliás, essa é mesmo a intenção do Turismo de Portugal que, na sua Estratégia de Turismo para 2027, pretende promover o “turismo para todos”, numa ótica inclusiva, que acolha o segmento LGBTI.

 

Como tornar o seu negócio LGBTI-friendly?

  • A mudança começa de dentro para fora: qualquer que seja o negócio, se implicar contacto com o público, então os seus funcionários representam a sua marca. Assim sendo, aposte num manual de orientação e formação que estabeleça como se deve tratar o cliente LGBTI. Por outro lado, deve também abordar a questão do ponto de vista interno, caso os seus trabalhadores façam parte dessa comunidade, através de uma cultura de empresarial inclusiva. O essencial é veicular interna e externamente uma mensagem de respeito pela comunidade LGBTI;
  • Partilhar e apoiar: não tem de fazer parte da comunidade para apoiar as suas causas. Aliás, se se quer posicionar neste segmento, então dê visibilidade às causas/eventos que valorizam e crie uma associação entre a sua marca e a comunidade LGBTI;
  • Estar inserido nos guias turísticos: se quiser alcançar este segmento, então procure que o seu negócio seja referenciado nos guias já falados, assim como na rede da associação Variações.